
Fizeram-me com defeito
Em vez de alma
Colocaram-me um buraco no peito.
Um buraco estreito,
Fundo
Muito fundo, que às vezes dói tanto…
Outras… nem o sinto…
Neste escasso intervalo
Vivo sem sentir,
Existo sem viver.
Engano-me com esta meia verdade
E finjo que sou assim.
E ao fim do dia
Quando paro e me espreito
Uma náusea apodera-se de mim
E a dor volta mais forte e mais teimosa
Como doença fatal
Em fase terminal.
Sim,
Fizeram-me com defeito
Em vez de alma
Colocara-me TANTA dor no peito…
Sofia Carvalho